A artrite
reumatóide juvenil ou artrite crônica juvenil é uma doença inflamatória crônica
auto-imune.
Não
é fatal mas, sem tratamento adequado, pode causar complicações determinantes
para a vida da criança como deixar de utilizar normalmente um membro do corpo
como um braço ou uma perna, ou ainda deixar de andar e tornar-se totalmente
dependente da família.
Febre,
erupção na pele, aumento dos gânglios, aumento do fígado e do baço, inflamação
do pericárdio que envolve o coração, inflamação da pleura que envolve o pulmão
e a artrite são as principais manifestações dessa doença.
Sintomas
Em
aproximadamente 40% das crianças com artrite reumatóide juvenil, somente
algumas articulações são afetadas. Em 40% dos casos, muitas articulações são
afetadas e, nos 20% restantes, a artrite reumatóide juvenil é sistêmica, isto
é, ela afeta todo o corpo, não apenas as articulações, e é acompanhada por
febre, uma condição denominada doença de Still.
A
inflamação de apenas algumas poucas articulações ocorre tipicamente antes dos 4
anos de idade (geralmente em meninas) ou após os 8 anos (geralmente em
meninos). A criança apresenta dor, edema e rigidez articular, mais comumente em
um joelho, em um tornozelo ou em um cotovelo. Ocasionalmente, uma ou duas
articulações (p.ex., um dedo da mão ou do pé, um punho ou a mandíbula)
tornam-se edemaciadas e rígidas. Os sintomas articulares podem persistir ou
podem ser intermitentes (vêm e vão).
As
meninas apresentam uma propensão particular a apresentar iridociclite
(inflamação da íris) crônica, a qual geralmente não causa sintomas e é
detectada apenas durante um exame oftalmológico. A iridociclite pode causar
cegueira e, por essa razão, a criança deve ser acompanhada e a doença deve ser
tratada imediatamente.
A
inflamação de várias articulações pode ocorrer em uma criança de qualquer
idade. As meninas são mais afetadas que os meninos. A dor, o edema e a rigidez
articular podem começar gradualmente ou subitamente. Em geral, as articulações
primeiramente afetadas são as dos joelhos,tornozelos, punhos e cotovelos.
Posteriormente, podem ser afetadas as articulações de ambas as mãos, do pescoço,
da mandíbula e dos quadris. Geralmente, a inflamação é simétrica, afetando a
mesma articulação nos dois lados do corpo (p.ex., os dois joelhos ou os dois
quadris)
A
incidência da artrite reumatóide juvenil sistêmica é a mesma em ambos os sexos.
A febre é intermitente, sendo geralmente mais elevada ao anoitecer (39 °C ou
mais) e, a seguir, retorna rapidamente ao normal. Durante a febre, a criança
pode sentir-se muito mal. Uma erupção cutânea plana rósea ou cor salmão,
principalmente no tronco e na porção superior dos membros superiores e
inferiores, aparece durante pouco tempo (freqüentemente ao anoitecer), migra e
desaparece e, em seguida, reaparece. Pode ocorrer aumento de volume do baço e
de alguns linfonodos. A dor, o edema e a rigidez articular podem ser os últimos
sintomas a se manifestarem.
Qualquer
tipo de artrite reumatóide juvenil pode interferir no crescimento. Quando ela
interfere no crescimento da mandíbula, a artrite reumatóide juvenil pode causar
micrognatismo (queixo retraído).
O
fator reumatóide, um anticorpo que é comumente detectado no sangue de adultos
com artrite reumatóide, raramente está presente em crianças com artrite
reumatóide juvenil. É mais freqüente o fator reumatóide estar presente em
meninas que apresentam muitas articulações afetadas.
Prognóstico e Tratamento
Os
sintomas da artrite reumatóide juvenil desaparecem completamente em até 75% das
crianças. O prognóstico é pior para aquelas que apresentam muitas articulações
afetadas e que também apresentam fator reumatóide.
Geralmente,
as doses elevadas de aspirina conseguem suprimir a dor e a inflamação
articular. Outros antiinflamatórios não esteróides (p.ex., naproxeno e
tolmetina) são freqüentemente prescritos no lugar da aspirina, pois o uso desta
aumenta o risco de desenvolvimento da síndrome de Reye. Uma criança pode ser
medicada com corticosteróides orais quando a doença é sistêmica e grave.
Contudo, esses medicamentos podem retardar a velocidade do crescimento e,
quando possível, devem ser evitados. Os corticosteróides também podem ser
injetados diretamente nas articulações afetadas para aliviar a inflamação. Uma
criança que não responde à aspirina ou a outros antiinflamatórios pode ser
tratada com injeções de sais de ouro. A penicilamina, o metrotrexato e a
hidroxicloroquina podem ser utilizados quando os sais de ouro são ineficazes ou
produzem efeitos colaterais.
O
exercício previne a rigidez articular. Imobilizadores podem impedir o bloqueio
de uma articulação em uma posição complicada. Os olhos são examinados a cada 6
meses a fim de controlar a ocorrência da iridociclite (inflamação da íris). A
iridociclite é tratada com um colírio ou uma pomada de corticosteróide e com
medicamentos que dilatam a pupila. Ocasionalmente, a cirurgia ocular é
necessária.
Referências :
1. FILHO C. Achiles; Clínica Reumatológica. Guanabara Koogan.
2. SAMARA, Adil Muhib- Reumatologia- 1985- São Paulo- SP
3. LARROCA. Thelma; Reumatologia princípios e prática - ed. Guanabara Koogan- RJ.4. CHIARELLO,Berenice, Fisioterapia Reumatológica, ed. Manole, 1º ed SP 2005
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